02/05/08

"Não tenho roupa nenhuma!"

(Salvaguardando raríssississimas excepções) As fêmeas são um nadinha mais dadas a expedições em lojas de roupa do que os homens.
Há todo um ritual em torno do processo que o torna bem mais complexo do que a simples aquisição de meteriais têxteis para cobrir o corpo. Aliás, em muitas ocasiões, tal desiderato não chega sequer a ser cumprido - "voltamos cá depois!", dizem, como se isso fosse tão natural.
E é. Para elas é.

A expedição não é, como acontece com os machos, um empreendimento com objectivo expresso; começa com um "preciso de umas calças pretas" e pode - como se disse - muito bem terminar sem elas mas com um topezinho laranja ("de que precisava muito para combinar com aquelas calças"...never mind, never mind!...), umas sandálias em cunha (" a não-sei-quantos tem umas e diz que dão um andar fantástico"), ou uma (quase inevitável) mala, matelão, maletinha, saco, ou sacola ("é para a praia - dá-me jeito").
Há uma lógica interna ao processo que parece ter sido desenvolvida para nos escapar por completo.
O homem será, em tudo isto, pouco mais do que instrumento de carga (e é vê-los, aos molhos, nos centros comerciais por esse país fora, à porta das lojas, com uma série de sacos de plástico numa mão, a outra no bolso e o olhar transfigurado de quem, naquele momento, tem uma existência ausente) e, por vezes, caixa de ressonância para - e isto é muito importante! - APROVAÇÃO das opções em curso.
Nada mais.
Há os que aguentam.
Há os que já encontraram formas de lidar com a coisa da maneira menos desagradável possível - "Vai, vai...eu estou ali na FNAC").
E há os outros...geralmente novos, quase imberbes, líricos - os que acham que vão conseguir explicar-lhes que a compra de roupa pode ser uma actividade racional.
Esses, coitados, esão destinados a encher os consultórios médicos de especialistas em inflamações do aparelho gástrico.
Os outros - os que, de uma maneira ou outra lá se aguentam - só ocasionalmente perdem a compostura. Só em momentos raros, quando em dias que já corriam mal ouvem a popular frase: "Não tenho roupa nenhuma para vestir!".

1 comentário:

perplexo5 disse...

Pois é...e depois ainda se queixam quando um gajo compra um classe C SportCoupé porque dá mais jeito para estacionar... ;-)